segunda-feira, janeiro 15, 2007

sobre abraço e sono

um período houve em que a lagarta viveu abraços adormecidos. sim, aquilo que se chama fazer um escudo de acolhimento e proteção com o próprio corpo, e manter-se assim por uma inteira noite, acalentando o outro: a lagarta experimentou ser assim ninada. um ninho, uma lagarta-passarinho. o gigante corpo que a abrigava foi uma das maiores delicadezas que a lagarta conheceu...

processo de idiotização

vamos brincar de ser idiota? pergunta a lagarta infante. e ela já adulta responde a si mesma: por que a interrupção nesta brincadeira? é melhor completá-la ao longo da existência. o imbecil completo é feliz, porque sempre se porá no lugar do outro e sempre será solícito e se desdobrará pelo outro, não importando a si mesmo. ora, afinal, de que valem as próprias questões? quem perderá tempo considerando sua tensão, seus compromissos, sua paciência e sua espera, senhora lagarta? menos ainda quando te pões a acostumar mal todos ao teu redor: com tua suposta disponibilidade infinda, tua força sempre renovada, tua auto-flagelante capacidade inquestionável de te pôr no lugar alheio. na fábula, és a formiga. e te consola, tonta! a vilania é sempre teu destino, ora ora...

sexta-feira, janeiro 12, 2007

chegou 2007, ela veio trazendo na mala...

foi sim. o ano da lagarta, de ela borboletear, mesmo lagarteando, numa metamorfose de equilíbrio e verso-reverso, veio na mala de doninha, que cruzou oceanos de volta ao lar: o casulo.